quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Depressão

Voltei para falar sobre depressão...

Antes de qualquer coisa, aviso que uma parte triste da minha vida será contada aqui. “E teve quem dissesse que depressão é frescura, ou falta de ocupação na cabeça.”

Primeiro vamos entender um pouco sobre essa doença que afeta tantas pessoas. Grande maioria mulheres!

Depressão é uma palavra frequentemente usada para descrever nossos sentimentos. Todos se sentem "para baixo" de vez em quando, ou de alto astral às vezes e tais sentimentos são normais. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige tratamento. Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que bem, são incompreensivos e talvez até egoístas. O amigo que realmente quer ajudar procura ouvir quem se sente deprimido e no máximo aconselhar ou procurar um profissional quando percebe que o amigo deprimido não está só triste.

Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação corporal como dores e enjoos. Outros sintomas:
* Perda de energia ou interesse;
* Humor deprimido;
* Dificuldade de concentração;
* Alterações do apetite e do sono;
* Lentidão nas atividades físicas e mentais;
* Sentimento de pesar ou fracasso.

Os sintomas corporais mais comuns são sensação de desconforto no batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. Períodos de melhoras e pioras são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, não necessariamente com todos os sintomas simultâneos, aliás, é difícil ver todos os sintomas juntos. Até que se faça o diagnóstico praticamente todas as pessoas possuem explicações para o que está acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema passageiro.

Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia quase todos os dias, não tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, não consegue ficar parado e pelo contrário movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperança desprezando-se como pessoa e até mesmo se culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal, surgem pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente está deprimido.

Agora que você ficou conhecendo um pouco mais sobre o que é a depressão, vou contar minha história.


Quando eu tinha de 13 pra 14 anos, passei pela fase “patinho feio”, ouvia constantes apelidos que me deixavam muito triste, porque mexiam com a minha estima. Era chamada de dentuça, dente de cavalo, mané mago, Olivia palito.
Todos esses apelidos de mau gosto fizeram com que eu ficasse reclusa, me tornei uma pessoa calada, as vezes me sentia deprimida, não tinha vontade de sair com minhas amigas da época, porque na minha visão todas eram bonitas, chamavam a atenção dos garotos, e eu sempre muito apagadinha.
Eu desde de novinha fui magrinha, e continuo sendo! Juro que já fiz de tudo pra engordar, pois esse era meu grande complexo. Eu achava que os meninos da minha idade, só olhavam pra mim tirando sarro. Talvez nem fosse, mas na minha cabeça já era assim. Tomei remédios (vitaminas) escondido da minha mãe, era buclina, complexo B, e outras que não recordo os nomes agora. Era uma verdadeira salada de comprimidos, na ilusão de ficar “gostosa”, e deixar de ser o patinho feio da turma. Todas as minhas amigas estavam com o corpo desenvolvido, pernão, bunda, peito... E eu... Ah, eu era apenas uma garotinha magrela e sem graça.

O mundo das letras sempre me fascinou... ODEIO estudar, mas toda vida gostei de ler e escrever. Eu tinha mania de diários, agendas... E geralmente, tudo o que eu escrevia era muito triste, eram versos, pensamentos sempre me lamentando, com a utopia de encontrar um garoto que gostasse de mim do jeito que eu era.
E naquela época gente, eu era moooorta de apaixonada por um menino que eu conheci quando tinha 11 anos... Era o garoto mais lindo que eu já tinha visto na vida! Ele claro, nunca me notou. Não naquele instante!!
Falarei sobre MEU PRIMEIRO AMOR em outro post.

Bem, com todas as descobertas da puberdade, mesmo sendo o patinho feio da turma, dei o meu primeiro beijo aos 13 anos no primo de uma amiga de infância, e depois disso, aqueles “amassos” de adolescente, que na minha época não passavam de umas pinadinhas. 

Além da minha estima ficar cada vez mais baixa, devido as piadinhas sem graça da turma da escola, ou dos lugares pelo qual eu passava, ainda veio toda a instabilidade que a fase “Pré-adolescência” me causou. Era muita coisa pra uma garota com quase 14 anos.

Com toda essa ebulição na minha vida, um “belo dia”, resolvi tomar uns comprimidos da minha vó. Minha linda vozinha que sofria constantes crises de angina, tomava um sublingual para passar as dores, e dormia algumas vezes sob efeito de diazepan, um remedinho que relaxa e te dá um soninho gostoso.
Tomei uma cartela de cada, achando que seria o suficiente pra morrer!!! E mais, fui pra escola, já que eu estudava no período da tarde. Lembro que assisti as duas primeiras aulas, e depois acho que devo ter pedido pra sair. Não me perguntem o que eu disse na secretaria pra poder conseguir. Nem por onde eu andei... A aula terminava mais ou menos umas 17:30. E eu não cheguei em casa na hora marcada! Sei (porque me contaram), que fui encontrada na mesma rua de onde eu morava, sentada numa esquina qualquer a alguns quarteirões de casa.
DEUS me guiou pra mais perto, e cuidou pra que eu não tivesse tido nenhum piripaque na rua.


Ao ser encontrada por um primo, que com certeza deve ter me dado um puta carão, e aonde eu devo ter levado mais mil quando cheguei em casa... Eles não me levaram pra um hospital, porque ninguém sabia o que eu tinha tomado... Me levaram direto pra um consultório psiquiátrico. Isso mesmo!! na época, o convênio não tinha psicólogo. Acharam mesmo que eu estava era doida. E pra completar, o doutor que me atendeu tava de plantão no Mira Y Lopez...
Contei pra ele tudo o que eu tinha feito, os remédios que eu tomei, o que eu sentia... Segundo ele, por muito pouco eu não fiquei sem o movimento de alguns membros, devido a quantidade de remédios tomados. O que eu tive foi uma DEPRESSÃO BIPOLAR, que se caracteriza pela alternância de fases deprimidas com maníacas, de exaltação, alegria ou irritação do humor.
Continuei fazendo o tratamento psiquiátrico uma vez por semana (Indo ao consultório particular dele). Ele ganhou minha confiança, e eu ganhei um doutor muito gentil... Ele me instigou ainda mais a escrever, e até pediu que eu preparasse meus melhores pensamentos pra ele. E assim eu fiz! Levei alguns, e na consulta seguinte, ele viu o quanto eu era triste por causa da opinião dos outros. Disse também que eu nunca deixasse de escrever, que minhas palavras tinham o poder da comunicação. O fato de eu ser muito calada, fez com que o melhor dos meus sentimentos fossem expressados através da escrita.

Ainda passei um tempo frequentando seu consultório, ele foi a peça chave para que eu decidisse parar de ouvir as coisas ruins que os outros pensavam e falavam sobre mim. Com o tempo, fui descobrindo em mim outras qualidades que minhas amigas “gostosas” não tinham. Continuei tomando vitaminas pra tentar engordar, continuei me escondendo dentro dos enormes jeans e camisões, na ilusão de parecer mais gordinha! kkkk ... Mas como na vida tudo é fase, graças a Deus me libertei depois de um longo tempo daquele sentimento que me deixava tão triste. Naquela época, tinha muitas pessoas que disseram que era frescura, coisa de quem quer chamar a atenção... Mas o fato é, que se não tratada, a depressão mata!

Eu me tratei, e nunca mais me senti como quando eu tinha 14 anos. Claro que momentos de tristeza, decepção, perdas, ocasionam um sentimento parecido. Mas nada que eu não conseguisse me reerguer depois.
Hoje tenho parentes que também sofrem desse mal, uns em estágio mais avançado, que seguem o tratamento e se medicam com supervisão médica; Já outros que não querem nem saber! Enfiam-se debaixo das cobertas, e dormem o dia todo pra não ver a vida passar!

Deus me deu uma nova vida, eu era um patinho muuuito feio, depois fui ficando um patinho engraçadinho... 
Hoje estando mais madura, sei que me tornei um lindo cisne!



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